Antes de mais nada, existem duas maneiras de se visitar Cuba : com pacote turístico, dentro de confortáveis ônibus com ar condicionado, "protegidos" dos "jineteros" por guias locais, sem travar qualquer tipo de contato com a população nas ruas, almoçando nos restaurantes indicados e dormindo em confortáveis hotéis de redes internacionais onde a internet funciona e o sinal da TV estatal sequer está liberado... ou, a segunda maneira, realmente conhecendo o país e suas peculiaridades! Logicamente, fizemos da segunda maneira... não é fácil, mas é muito melhor e recompensador!
A primeira coisa é escolher uma casa de família, e a que recomendamos, não só pela qualidade dos quartos e serviços, mas também pela simpatia e cordialidade dos anfitriões, é a Casa 1932. Uma casa de família, na verdade, é uma espécie de pousada; você tem seu quarto com banheiro, ar condicionado, televisão, café da manhã, além de poder conviver um pouco com uma real família cubana, ouvir suas histórias, saber o que pensam... enfim, entender um pouco como funciona essa pequena ilha tão falada mundo a fora. A segunda coisa, é ter disposição para "bater perna" e percorrer as belíssimas ruas de Havana, com seus prédios corroídos pela maresia e, principalmente, pelo tempo e falta de manutenção adequada. O terceiro fator, é ter paciência e saber usar a seu favor a abordagem dos "jineteros", figuras clássicas de Havana, podem ser comerciantes, taxistas, vendedores ou simplesmente pessoas atrás de algum troco e que te oferecem de tudo, sempre com um sorriso no rosto, mas normalmente esperando uma "propina" em troca. E para encerrar, em quarto lugar, é obrigatório a qualquer um que vá a Havana, ou qualquer outro local em Cuba, comer em uma casa de família ou algum "paladar"... a comida é muito boa e você pode ter a oportunidade, como nós tivemos, de comer uma lagosta gigante, preparada na manteiga e molho a base de milho por 20 dólares! Ah, quase ia esquecendo, andar em um dos "carros clássicos" é mandatório!
O outro eixo turístico de Havana, é o Centro Habana. O ideal, para explorar essa região, é começar pela Malecón, a famosa avenida beira-mar da cidade, em que se pode admirar o caribe calminho ou jorrando água para cima dos carros nos dias de maré alta e ventania. A partir dali é só pegar o belo paseo del Prado e seguir até o parque Central, uma das belíssimas praças da parte histórica da cidade. Nesse caminho você ainda encontra o imperdível Museu da Revolução, pobre em peças, mas muito rico em história, para quem quiser saber o que aconteceu do ponto vista de quem estava lá dentro do movimento. Logo ao lado está a "Floridita", bar que ficou famoso por ser frequentado por Hemingway e que até tem uma estátua de bronze do famosos escritor, no local do balcão em que costumava ficar. Para encerrar esse "eixo", no final do paseo del Prado, após inúmeras e belíssimas construções do barroco cubano, encontramos o Capitólio, construído nos moldes do americano, em Washington (antes da revolução, obviamente), e que está fechado para reforma de seu museu. Outras atrações da região são um dos inúmeros fortes de Havana, na Malecón e o museu de belas artes.
E para encerrar, quem disse que Havana não tem praia? Tem sim, e é bem bonita, não deixa nada a desejar às outras do caribe nem a Varadero! São as Playas del Este, como a de Santa Marta, a mais famosa, com aquela já conhecida areia branca e mar azul esverdeado. Elas ficam a cerca de 20 Km do centro e podem ser acessadas de táxi ou, como fizemos, pelo Havana Bus Tour, um daqueles ônibus turísticos em que você paga um preço fixo e pode descer e subir quantas vezes quiser naquele dia. Usamos para fazer os fortes e a praia, que ficam no mesmo caminho, e sai mais barato que táxi!
Havana é uma cidade que a princípio causa um certo estranhamento, até mesmo desconforto, assim que você chega. As ruas do centro, que estão repletas de reformas, com prédios muito mal conservados, parecendo recém saídos de um bombardeio da OTAN, mal iluminadas durante a noite... deixam aquele mais receoso certo de que se meteu em uma roubada... mas garanto que é só uma impressão! Havana é encantadora e sua beleza arquitetônica deve ser apreciada com calma, entendendo o que se passou e o que se passa nesta cidade que desperta vários e distintos tipos de sentimento, mas nunca a indiferença! Faça um favor a si mesmo e ao povo cubano, se for para lá, fique em casas de família, ande pelas ruas, coma em paladares... se for para ficar em mega hotéis e "protegido" por ônibus e guias de turismo... melhor ir para Miami...
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