domingo, 29 de junho de 2014

Vietnã: Hoi An e Hue, no coração do país!


Viajamos à região central do Vietnã cercados de incertezas. Havíamos ouvido falar de uma pequena vila de pescadores, que tinha praias encantadoras e ótima culinária e planejáramos visitar a última capital do Império, antes dos comunistas expulsarem os franceses e tomarem o controle do centro-norte... Bom, o receio transformou-se não só na principal surpresa de nossa passagem pelo país, como uma das maiores surpresas da viagem! Hoi An, a pequena e charmosa vila de pescadores, e Hue, antiga capital imperial, reservaram-nos momentos fantásticos na viagem!

Hoi An é realmente uma pequena vila de pescadores, encravada no litoral central do Vietnã... mas engana-se quem pensa que este é um lugar rústico, sem atrações e sem facilidade alguma. A cidade se tornou nos últimos anos um pólo de turismo "cult" entre os europeus amantes de belezas naturais e alta gastronomia. Hotéis e pousadas muito charmosos e confortáveis, resorts bancados pelos ienes japoneses (que entram no país sem parar!) e muitos, mas muitos mesmo, restaurantes de nível internacional, alguns até estrelados pelo famoso guia Michelin, formam a estrutura de apoio ao turista, enquanto a belíssima arquitetura colonial franco-portuguesa e as lindas praias compõem o cenário!

Sim, vocês leram direito, arquitetura franco-portuguesa!! Muito antes dos franceses tomarem conta do país, séculos antes, os portugueses estabeleceram nesta região do Vietnã um grande entreposto comercial e para isso construíram aquelas tradicionais casinhas de grandes janelas quadradas e varandas ao longo do rio que corta a cidade. As ruazinhas estreitas também estão ali, bem como alguns azulejos nas paredes! A cor amarela, típica da cidade, veio depois. Elementos chineses e japoneses também estão presentes na arquitetura da charmosa vilazinha, como a famosa Ponte Coberta Japonesa, a única no mundo que tem um templo budista em seu interior!

A mais ou menos 3 Km da vila ficam as praias, especialmente a mais visitada delas, a de Cua Dai. Como a maioria das praias do Vietnã, é uma praia de águas limpíssimas e esverdeadas, calmas e bem morninhas, como em todo Oceano Índico. Para completar o visual, aquela areia branca e bem fininha. Outra grande atração da região são as ilhas próximas e os mergulhos. Fizemos o passeio para a ilha Cham e seu parque marinho, que proporciona um belíssimo mergulho e snorkeling, com direito a parada com almoço nesta ilha, que é paradisíaca!

Difícil é decidir se Hoi An é mais legal durante o dia ou durante a noite! Ao anoitecer, a pequena vila muda de cara. As ruas desertas durante o dia (pelo calor insuportável e pelas belas praias ao redor) ficam cheias de gente, artistas de rua, excelentes restaurantes e muitas luzes e cores. A marca da cidade, entretanto, são os balões coloridos e iluminados que dominam completamente o cenário, não nos deixando esquecer que estamos no mundo oriental, claro! Ainda, para completar, em Hoi An encontramos inúmeras alfaiatarias, que costuram para as melhores marcas do mundo, e que podem te produzir um belíssimo terno, em até 3 dias, por um custo baixíssimo. Com certeza Hoi An marcou muito nossa viagem e é um dos destinos que está na nossa lista de "voltaremos com certeza!".

Hue, um pouco mais ao norte, já é uma cidade com uma proposta de turismo completamente diferente! Antiga capital vietnamita, nos tempos em que o país ainda era um império, antes dos colonizadores franceses serem expulsos pelos comunistas do norte, em 1945, preserva ainda muito da arquitetura, templos e costumes dos tempos imperiais. Claro, muito, mas muito mesmo, foi destruído pelos exércitos comunistas e, posteriormente, americanos e do Vietnã do Sul (Hue ficava bem na fronteira entre o Sul, ainda sob influência da França, e o Norte, comunista), mas o que restou ainda é impressionante e mostra a riqueza desta cultura oriental ainda muito desconhecida de nós, no ocidente.

A cidade de Hue é bem maior que Hoi An, mais estruturada e é banhada por um grande e importante rio da região, o rio Perfume. A principal atração da cidade é, sem dúvida, a Cidade Proibida ou citadela, similar à chinesa e construída nos seus moldes, com vários palácios sucessivos separados por amplos jardins. Como escrevi anteriormente, boa parte dos palácios estão bastante danificados e o governo local nunca deu muita bola para reformá-los, mas com a abertura do país e o crescimento do turismo, melhorias começaram a ser feitas e a citadela está retomando sua antiga forma. 

Os palácios ainda contém relíquias dos tempos imperiais, mas a grande maioria já foi saqueada nos tempos da guerra. Aliás, este é um grande problema dos museus vietnamitas; muito pouco sobrou dos tempos imperiais, seja por saques, seja por deterioramento ou destruição. Ao redor da cidade murada há um belo canal repleto da flor símbolo do Vietnã e do sudeste asiático, a flor de lótus. Um pouco mais ao lado da cidade proibida (que toma quase toda margem direita do rio) está o museu da guerra, com carcaças de tanques e aviões que sobraram após as batalhas.

O passeio mais interessante em Hue é, sem dúvida, o passeio de barco pelo rio Perfume. Além de poder observar as curiosas casas das comunidades ribeirinhas, muito similares às casas construídas em palafitas da nossa região amazônica (mas com toques orientais, claro), o tour realiza paradas nas principais "pagodas" e templos da região. A mais famosa delas, a pagoda Thien Mu, é realmente impressionante e muito bem preservada, com seus 6 andares e 21 metros de altura é uma das maiores do país e a mais visitada.

Outra atração nesse passeio são as tumbas imperiais, espalhadas ao longo do rio e formadas por construções e palácios imponentes, estes sim bem preservados, e que são sepulcro dos últimos imperadores vietnamitas. Aqui cabe uma curiosidade, apesar de 90% dos vietnamitas se declararem ateus, nosso "barqueiro" tinha uma foto do buda no leme e o motorista da van que nos levou até o cais tinha umas imagens budistas no retrovisor. Parece, principalmente entre os mais velhos e os mais humildes, que ainda não têm toda a liberdade de expressar não só sua religião, como também suas opiniões sobre temas ainda considerados tabu por lá, como a guerra e o governo do partido comunista.
Bom, como deu para notar, existe muito o que ver e o que fazer na região central do país, seja em relação às belas praias, relax e gastronomia, seja em relação à história e monumentos imponentes. Está esperando o que para conhecer estes dois fantásticos lugares??


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