sábado, 12 de abril de 2014

Tailândia : Chiang Mai e o norte fantástico!


O norte da Tailândia e a sua principal cidade, Chiang Mai, são diferentes do restante do país. Lá, parece que o tempo passa mais devagar, as pessoas são mais sorridentes, a comida mais saborosa e a natureza mais presente. A família real passa boa parte do ano por ali, em seus inúmeros palácios, aproveitando as belezas deste local que é famoso por sua história, templos e monumentos, bem como ser reconhecida como a melhor culinária do país! É um programa completamente diferente daquele que você imagina quando ouve falar sobre a Tailândia e sua agitação, praias, luzes e cores... este lugar é o ideal para quem quer alguns dias de relax, contato com natureza, tradições tailandesas e muita comida boa!


Antes de mais nada, esta região é a mais quente e úmida do país e a sensação térmica algumas vezes ultrapassa os 40 graus. Andar por suas ruas significa suar muito! Carregar uma garrafinha de água e outra reserva na mochila é obrigatório. Por mais que tenhamos planejado evitar temporadas chuvosas e tempo frio quando elaboramos o roteiro, pegando só primaveras e verões em nossa viagem, era inevitável fugir das monções asiáticas... Mas podemos dizer que fomos muito sortudos, pois as chuvas pouco atrapalharam nossos passeios, resumindo-se a pancadas de curta duração, que só serviam para deixar o clima ainda mais abafado!


 Dito isto, pegamos nossas mochilas, máquinas e fomos fazer o que mais gostamos, bater perna! O centro histórico de Chiang Mai, que já foi uma cidade murada, como um feudo, é bem pequeno e circundado por canais e alguns trechos da muralha original. As suas ruas são bastante estreitas e escondem várias surpresas, como pequenos e belos templos, além de restaurantes e inúmeras casas de massagem. Nada melhor que 1 hora de "thai massage" após uma longa caminhada e farta refeição!


Os principais templos da cidade ficam ao longo da principal avenida (Ratchadamnoen), que também é sede do famosíssimo e agitado mercado noturno, o mais importante da Tailândia e que atrai milhares de turistas de todo o mundo em busca do artesanato e da arte tailandesa; a preços módicos, claro!! Somente aos domingos, é um festival de cores, sons e cheiros para todos os gostos. Outras feiras noturnas, permanentes, podem ser encontradas em ruas próximas.


Bom, voltando às atividades diurnas, nesta rua encontramos o complexo de templos mais famoso e importante da cidade, o Wat Chedi Luang, com mais de 600 anos e que foi construído para abrigar as cinzas de um poderoso rei local (na época, a Tailândia era dividida em três reinos : o do norte, cuja capital era Chiang Mai, um central e um ao sul). Parte dele já foi consumida pelo tempo e trabalhos de restauração estão sendo feitos, mas ainda assim é bastante imponente e impressionante, construído com a tradicional arquitetura Khmer, típica dos povos que habitaram esta região, parte da Birmânia, Laos e Camboja.


Ao seu redor, encontramos templos menores, formando o complexo que domina todo o centro histórico da cidade. No dia que fizemos a visita, ainda demos a sorte de presenciar uma espécie de "procissão" pelas ruas de Chiang Mai e que terminava bem neste templo. Eram jovens, todos vestidos a caráter, com carros alegóricos em formato de barco (ou urna funerária, sei lá...) liderando a multidão, que entoava cânticos e tocavam tambores... bem interessante!


Logo ao lado do templo, encontramos um enorme mercado de comidas de rua. Aliás, Chiang Mai é conhecida pela ótima qualidade e diversidade de suas "street foods". Uma das mais curiosas é feita com um espetinho em que colocam pedaços de carne de frango ou de porco, estilizadas com os mais diversos formatos, como angry birds por exemplo!! Os famosos e famigerados insetos fritos também estão lá, além dos tradicionais pad thais, feitos (e servidos) à mão, ali na sua frente mesmo! Explorar as ruas desta pacata cidadezinha é o melhor programa para um primeiro dia por lá, a cada esquina um novo templo, um monumento e muita comida boa! Isso já seria o bastante para justificar uma viagem até lá, mas os arredores de Chiang Mai tem atrações ainda mais interessantes para quem percorreu os 700 Km que a separa da capital do país!


A nossa primeira escapada foi uma imersão na natureza do norte tailandês. Primeiramente, fomos visitar uma "fazenda de elefantes". Os elefantes não são animais originários desta parte do mundo, mas foram trazidos há muitos e muitos séculos atrás pelos indianos e hoje estão completamente enraizados na cultura do país. São animais utilizados para transporte de pessoas, de carga e, hoje em dia, para turismo. Existem diversas atividades para se fazer com elefantes, desde a simples "cavalgada" (a que fizemos), até passar um dia inteiro como cuidador dos animais! Isso mesmo, você vai lavar, dar comida, plantar, treinar... enfim, vai passar o dia cuidando do seu próprio elefante. Para quem viaja com crianças, deve ser um excelente programa!


Após o rolezinho com elefantes, fomos fazer uma trilha por entre os tradicionais arrozais tailandeses. O país é o sexto maior produtor mundial e ele é a base da alimentação no país, assim como em quase todo o sudeste asiático. Não tem como não se sentir em um filme do Rambo! Terminamos a trilha em uma refrescante cachoeira, para aplacar o calor local! Mas o contato com a natureza não acabou por aí. Após o almoço fomos para um riozinho local fazer um rafting em canoa de bambu!! O rio era tranquilo, quase sem correnteza, a canoa, apesar de rude, era bem sólida... mas o resultado deste, que seria apenas uma brincadeira de criança, quase virou um desastre... Melhor do que explicar, é postar um vídeo do que aconteceu...



Ainda bem que não passou só de um susto, mas até hoje não sei como meus óculos escuros não caíram e eu continuei segurando a câmera...e pior, filmando todo esse mico! Histórias de viagem...


O dia seguinte foi rumo ao ponto mais ao norte do país, próximo à cidade de Chiang Rai. O caminho é longo, mas durante o percurso paramos em várias atrações. A mais curiosa e famosa delas é o templo Wat Rong Khun, mais conhecido como "templo branco", pela razão óbvia que pode ser observada ao lado. Este templo, na verdade, não tem nada de histórico ou importante religiosamente; ele, na verdade, é bem novo e faz parte de um futuro complexo de templos exóticos (o dourado está em fase final de construção) construídos com finalidade unicamente turística. Obras de arte e instalações artísticas são observadas por todos os lados, como um duvidoso laguinho feito de mãos espalmadas para alto... o interior então, mais bizarro ainda, com pinturas de ídolos pop como Michael Jackson e Neo, do filme Matrix!! Parecia um mundo paralelo!


Seguindo viagem, fomos ao extremo norte do país, em uma região conhecida como Triângulo Dourado. Apesar do nobre nome, a sua origem não é tão ética assim. O local é, na verdade, a tríplice fronteira entre a ex-colônia britânica Myanmar (ex-Birmânia), a ex-colônia francesa Laos e a Tailândia. Entre as 3 existe uma pequena ilha e que, por muito tempo, foi alvo de disputa diplomática entre os 3 países... e enquanto ninguém decidia, permanecia sem dono... e sem lei! Por este motivo, formou-se lá uma gigantesca plantação de ópio e um entreposto para comércio (ilegal) de armas durante muito tempo... rendendo bastante dinheiro para muita gente... daí o "dourado" do nome...


Atravessando para o outro lado do famoso rio Mekong, que separa os 3 países, está o Laos. Logicamente, como bons caçadores de carimbos, fomos até lá, compramos as bandeirinhas para costurar na mochila, os pins e tomamos a cerveja local, com o curioso nome de Beer-lao (na pronúncia local : "bilau"). Aliás, quase fico (Juliano) sem páginas no passaporte por conta de um carimbo que nem precisaria ter. O oficial laociano errou a primeira carimbada e acabou por usar uma página inteira para fazer a segunda estampa... isto me fez implorar muito por carimbos econômicos nas imigrações africanas, no final da viagem...


Na volta, ainda demos passadinha na fronteira com Myanmar, só para tirar uma foto no portal que divide os dois países. Desta vez não deu para colecionar carimbo... para entrar no país, só com visto. Mais alguns templos e, finalmente, chegamos em uma das tribos mais fotografas e conhecidas do mundo. Originadas de Myanmar, fugindo dos vários e vários anos de guerra civil por lá, os Karen, tribo das montanhas locais, ficaram mundialmente conhecidos por conta de suas mulheres com "pescoço alongado". Coloco entre aspas porque, na verdade, não é a região cervical que se alonga com a colocação progressiva destes anéis; na verdade o que acontece é o contrário, com o peso de todo esse metal, ao longo do tempo, os ombros começam a cair e a clavícula a se deformar, dando a impressão de que o pescoço, que continua com o mesmo tamanho, está esticado. Estes anéis representam, para os homens da tribo, um grande atrativo. Elas sobrevivem das doações dos turistas e de seu artesanato. Muito simpáticas!
O norte da Tailândia realmente nos surpreendeu e trouxe ótimos momentos e experiências, em todos os sentidos. Se você planeja uma visita ao país, não deixe de incluir Chiang Mai e região, não vai se arrepender!!



Nenhum comentário:

Postar um comentário