domingo, 23 de fevereiro de 2014

China : Xian e Xangai


Após passar por Pequim e visitarmos várias atrações bastante interessantes, criamos uma expectativa muito grande a respeito da sequência da nossa viagem e os dois próximos destinos: a famosa e histórica Xian e a moderna e gigantesca Xangai, a maior cidade do país. Não sei se foi justamente por conta desta expectativa ou se os locais não são realmente tão interessantes, mas ficou um certo gosto de decepção.

Quando se dá uma volta ao mundo, é esperado ver coisas surpreendentes, diferentes... e estamos sempre esperando mais! Após visitar a capital do país, tomamos um vôo da Air China (boa companhia aérea) em direção a Xian, antiga capital do país, morada de importantes dinastias chinesas, local das mais importantes tumbas de imperadores e onde estão localizados os famosos guerreiros de Terracota! Como se pode notar, prevíamos mais 4 dias com muitas atividades pela frente... bom, prevíamos...

Muito pouco resta da Xian medieval. A principal atração da cidade, propriamente dita, é a grande muralha que a rodeia, que não tem sequer uma pedra da original... é extremamente bem feita, proporciona uma visão panorâmica de dentro do centro histórico, dá para passear de bike mas é completamente "fake", apenas uma réplica. Após ver tantas ruínas maias, templos, a Grande Muralha, confessamos que esta de Xian nos decepcionou bastante. Não foi aquele "algo mais" que estávamos nos acostumando a ver. 
Além da muralha não resta mais muita coisa a se fazer na cidade. Há uma Torre do Sino e uma Torre do Tambor, como em Pequim, nada diferentes, alguns templos simples e shoppings... sim, muitos e muitos shoppings, nunca vimos tantos em tão pouco espaço, em média uns 3 por quarteirão, todos gigantescos!! Desânimo total, mas ainda havia a visita aos guerreiros de terracota no dia seguinte!

Acordamos cedo, fomos até a estação de trem, de onde saem os ônibus regulares para o local onde estão os guerreiros (que na verdade ficam em outra cidade, vizinha), tomamos um "chapéu" de uma chinesa que nos apontou o ônibus mais caro, mais desconfortável e pinga-pinga, e tomamos o rumo até o famoso mausoléu. Chegando lá, você compra um ingresso que te dá direito aos barracões, onde estão os guerreiros de terracota, e a uma espécie de parque, que contém as ruínas de uma suposta pirâmide, onde está enterrado um importante imperador (só vá a este parque se realmente não tiver nada melhor para fazer no dia...). Bom, como muitos já sabem, o exército de guerreiros, carruagens, cavalos e tudo o mais que você possa imaginar que dá para fazer com terracota, foram feitos para proteger o imperador Qin Shi Huang (o da tal pirâmide...), da dinastia Qin, no seu pós morte, e enterrados com ele em seu mausoléu. 

Três sítios de estátuas já foram encontrados, mas as escavações continuam e supõem-se que muitos outros possam existir. O que podemos dizer a respeito do local? Não vamos dizer que os guerreiros são sem graça ou mal feitos, muito pelo contrário, a perfeição das estátuas, a quantidade, a disposição, o trabalho... são realmente impressionantes. 

Os barracões estão sempre muito lotados, mas com paciência dá para ver bem e tirar boas fotos... mas se você nos perguntar se vale a pena pegar 3 horas de vôo a partir de Pequim só para vê-los... sinceramente, a resposta, na nossa opinião, é não... a não ser que isso seja um sonho de infância, é melhor esperar que a próxima exposição sobre os tesouros da China volte ao Brasil e vá lá dar uma olhada! Para encerrar nossa estadia em Xian com chave de ouro, fomos fazer o check-out no hotel e a moça da recepção precisou ligar para o gerente para entender o que a palavra "check-out" significava!! A comunicação por lá era realmente um desafio!! Após a decepção em Xian, estava na hora de pegar mais um vôo da Air China, agora para Xangai.

Não chegamos com grandes expectativas à maior cidade do país, e uma das maiores do mundo... Em pesquisas prévias, já havíamos notado que não tinha muito o que se conhecer em Xangai. Cidade moderna e cosmopolita, uma das poucas em que não há muita dificuldade para se comunicar em inglês, era a oportunidade que teríamos para descansar um pouco da "correria" dos últimos 10 dias. Começamos pela atração mais conhecida da cidade e um dos "skylines" mais famosos do mundo, "the Bund"! Na verdade, the Bund é uma espécie de calçadão suspenso beira-rio e que tem como vista os maiores prédios da cidade e alguns dos maiores do mundo, com a torre de TV Oriental Pearl, de onde se pode ter uma bela vista aérea da cidade, e o centro financeiro da cidade. 

Saindo dali, encontramos a rua mais famosa da cidade, a Nanjing, com seus vários restaurantes, shoppings, lojas e senhoras chinesas fazendo aquelas danças coreografadas em grupo, que algumas vezes ultrapassa as 50 pessoas. É bem interessante!
Há coisas tradicionais chinesas na cidade, poucas, mas que valem uma visita já que está por lá. Uma delas são os jardins Yuyuan, muito bem cuidados, com aqueles lagos cheio de carpas, cascatas, etc. 

Ao redor destes jardins encontramos alguns templos e casas tradicionais, com restaurantes e lojas para agradar os turistas que visitam o local. Ainda falando em tradição, em uma curta viagem de metrô (aliás, o de Xangai é o mais extenso do mundo, e muito fácil de se usar) chega-se à cidade antiga de Qibao, a única ainda preservada na grande Xangai, onde se pode ter contato com uma real vila de pescadores, com aqueles canais e pontes curvas, além das ruazinhas estreitas e repleta de pessoas entrando e saindo das lojas de artesanato e "iguarias" chinesas, como filhotes de pato desidratados...

Um dos templos mais famosos de Xangai é o templo do Buda de Jade, mas deste nós passamos a vez... já estávamos bem saturados de templos budistas e este ficava um pouco mais afastado do local em que estávamos. Por fim, para finalizar nosso tour em Xangai, fomos ao bairro gastronômico de Xin Tian Di, formado por casas com arquitetura tradicional e diversos dos melhores restaurantes da cidade, incluindo um em que comemos um dos melhores guiozás da viagem. O local é completamente voltado para os turistas e homens de negócios estrangeiros... e os preços acompanham esse perfil. Ali ao lado, encontram-se também vários shoppings de luxo e "fake markets", claro!
Bom, Xangai é isso...e por aqui encerramos nosso tour por estes 3 grandes polos turísticos chineses. Nossa relação com o país oscilou muito entre o amor e o ódio, mas não podemos negar que a China é um destino obrigatório para qualquer um que quer realmente conhecer o mundo em que vive e ter experiências realmente marcantes muito além da Grande Muralha!!



sábado, 22 de fevereiro de 2014

China : Pequim e a Grande Muralha



Apesar de todos os pesares citados no post anterior, a China é um dos países que mais tem atrações interessantes em todo o mundo. A riqueza natural, arquitetônica e cultural do país acaba por compensar as dificuldades que um viajante independente pode encontrar por lá e equilibra com a falta de hospitalidade e dificuldade de comunicação com os locais. Começamos nossa jornada pela gigantesca capital do país, Pequim!

A capital chinesa (que não é a maior cidade do país, título pertencente a Xangai) passou-nos a impressão de sair a maior "cidade do interior" do mundo!! Pequim mantém ainda muito do provincianismo e dos hábitos tradicionais chineses, convivendo com modernos edifícios e tecnologia de ponta, especialmente nos bairros mais modernos e afastados do centro. Contudo, a Pequim "imperial", a cidade histórica, bem como seus moradores, ainda parecem viver um ritmo de vida de 100 anos atrás. Ficamos hospedados bem próximo à Torre do Sino, onde diversas hutongs (ruas mega estreitas por onde passam riquixás, pessoas, porcos, carros, motos...) da cidade medieval se entrelaçam e formam um gigantesco labirinto com diversos museus, restaurantes bacanas, lavanderias, casas, enfim, tudo que a sociedade da época precisava para viver. Lá encontramos diversos bons restaurantes e uma vida noturna bastante agitada.

A principal atração da cidade é, sem dúvida, a região dos arredores da praça Tiananmen, ou, Praça da Paz Celestial. Famosa pelos protestos de estudantes no final da década de 80, com a cena do rapaz que desafiou uma fila de tanques de guerra, lá se encontram a Torre do Tambor, o mausoléu do líder da China comunista, Mao Tsé Tung, prédios públicos e administrativos, o museu nacional chinês e uma grande área com enormes jardins onde, nos finais de semana, milhares de chineses vão passear com suas famílias, carregando bandeirinhas do país e tirando fotos de tudo que você possa imaginar!!
Acessar a praça não é fácil, além de passar pelo detector de metais e raio-x do metrô, passamos também pelos mesmos aparelhos antes de entrar no espaço... com centenas de pessoas uma tentando roubar o lugar da outra nas filas!! Contudo, a principal atração do local fica do outro lado da entrada principal da praça, a Cidade Proibida. Residência do Imperador por cerca de 500 anos, desde a Dinastia Ming até o final da Dinastia Qing (mais ou menos 1917), é considerado até hoje o maior palácio do mundo, com cerca de 9999 aposentos... Muito bem preservada, a Cidade Proibida (que tem esse nome por só poder ser frequentada pela nobreza e seus empregados) é um colosso bem no centro de Pequim, com sua arquitetura e objetos decorativos e de arte, além de vários museus! Dá para passar o dia todo e ainda ficar com sensação de quero mais... por isso, chegue cedo, evite as filas intermináveis e veja tudo com calma, o lugar realmente merece!!

Ainda falando sobre palácios, o Palácio de Verão também é espetacular. Formado, na verdade, por um complexo de palácios, lá podemos encontrar belíssimos exemplares da arquitetura imperial chinesa, um grande lago, bosque, jardins e uma réplica de uma tradicional vila medieval chinesa, cortada por um canal e repleta de restaurantes e lojas de artesanato tradicional. Imperdível!
Outro conjunto de atrações que não podem deixar de ser visitadas são os templos. É difícil dizer qual a religião predominante na China, os dados não são muito precisos e as crenças, muitas! A maior parte delas deriva de crenças tradicionais chinesas, mixadas com práticas budistas, como o Taoísmo. Várias vertentes do budismo também são praticadas, bem como o Confucionismo, baseado na filosofia de Confúcio, muito popular até hoje (vide frases compartilhadas no FB...). O complexo de templos mais famoso é, sem dúvida, o Templo do Céu. Composto por 3 grandes templos e alguns outros menores, em uma área extremamente arborizada, maior até mesmo que a da Cidade Proibida, é visitada por milhares (ou deveria dizer milhões, já que estamos na China...) de chineses em busca de elevação espiritual e turistas, em busca da exótica arquitetura destes templos! Outros templos que visitamos e que recomendamos uma visita são o Lamastério Yonghe, antigo conjunto de palácios imperiais, que tornaram-se abrigo militar e, atualmente, residência dos lamas; e o templo de Confúcio, principal local para os seguidores do confucionismo.


Não podemos de deixar de falar também da parte mais moderna da cidade, construída em função dos Jogos Olímpicos de 2008, disputados na cidade. O complexo esportivo, que contém entre outros edifícios, o famoso Estádio Nacional ("ninho de pássaro" é o nome que nós ocidentais demos e que eles abominam!) e o Cubo de Água, com seu formato retangular e gigantescas placas azuladas que fazem o prédio lembrar muito mais uma colméia azul que qualquer coisa relacionada com água. Ali por perto encontramos edifícios modernos, restaurantes caros e vários Shoppings. 

Por falar em shoppings, uma das grandes atrações para os turistas em Pequim são os "fake markets", como nós chamamos, e conhecidos por lá como "mercado de pérolas", "mercado de seda"... enfim, qualquer coisa que não lembre o que eles realmente vendem lá, as falsificações. A venda de produtos piratas é, além de proibida, bastante combatida nas ruas da cidade (contraditório, não?)... então tiveram que inventar estes gigantescos shoppings, paraíso das "muambas", dar um nome "fantasia" e agradar os milhares de turistas que lá vão unicamente para isso!! Um dos mais famosos é o Hongqiao pearl market.

E finalmente chegamos àquele que é o motivo de 10 em cada 10 pessoas que escolhem a China como destino turístico : A Grande Muralha. Eleita uma das 7 maravilhas do Mundo Moderno (a segunda da nossa viagem até aqui), já chegou a ter mais de 20 mil quilômetros (hoje não tem mais que 700 Km "de pé") e 7 metros de altura, erguida para proteger a China das invasões dos povos do norte, especialmente os mongóis; a muralha é realmente impressionante, especialmente no trecho em que fomos, com bem poucos turistas. Aliás, a escolha do trecho a ser visitado e o horário de chegada são fundamentais se você pretende passear com calma e tirar boas fotos.
Dá para ir por conta própria? Dá, você vai gastar bem pouca grana... mas vai visitar o trecho mais lotado (Badaling) e vai ter um bom trabalho para conseguir comprar os bilhetes de trem e ônibus necessários (lembre-se que é mais fácil encontrar um chinês loiro e com olhos azuis, que um que fale bem o inglês...). Sugerimos a visita ao trecho da muralha que fica em Mutianyu, região agrícola próxima a Pequim, e que tem um longo trecho de 6 Km restaurados, além de um trecho praticamente original, com muito mato e árvores, mas que mostra realmente como era a Grande Muralha! Além disso, lá você pode escolher descer do alto das "paredes" através de um escorregador! Não dá para ir para lá por conta própria, mas em várias agências ou no próprio hotel você compra um pacote de meio dia, com almoço incluso, que te deixa cerca de 3 horas andando pela muralha... Só certifique que seja um tour "no shopping", caso contrário vai passar 40 minutos na muralha e umas 2 horas nas lojas de artesanato! Escapamos dessa!!

Só para encerrar, como tivemos um tempo extra, fomos visitar o zoológico de Pequim, um dos maiores do mundo, mas um dos piores que visitamos... instalações mal cuidadas, animais sem tratamento adequado, falta de manutenção... triste, não recomendamos esta visita!
Ficamos 7 dias em Pequim mas poderíamos ter ficado muito mais. Conhecemos as principais atrações, mas muitas delas visitamos um pouco rápido... A cidade vale muito a pena e com certeza trocaríamos alguns dias da nossa próxima cidade na China, Xian, por mais alguns na capital do país... quer saber o porquê? Em breve, no próximo post!!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Mundo China : um universo paralelo !


Chegamos à China cheios de expectativas; milênios de história, bilhões de habitantes, maravilhas do mundo moderno e um modo de vida completamente diferente ao que estamos habituados aqui no ocidente... Não vamos dizer que as expectativas não foram correspondidas, mas ficou alguma decepção e sensação de que poderia ter sido uma experiência muito, mas muito melhor!! Vamos tentar explicar o porquê nas próximas linhas, começando pelo lado positivo da nossa visita.

A China é uma mistura da organização e disciplina japonesas com o "jeitinho" e a informalidade características dos chamados "países em desenvolvimento". E aí nosso leitor pode perguntar : " E isso é bom ? ". É claro que é! Isto torna o mundo mais real e não um universo paralelo em que tudo é perfeito! Na China, em que o governo faz um grande esforço para mostrar que ali é o paraíso para se viver e que todos lá são felizes, isto é algo que ainda os prende à dura realidade do país, que ainda tem que lidar com uma série de graves problemas sociais e, principalmente, de liberdade de expressão. Por exemplo, para podermos visitar a praça Tiananmen (a Praça da Paz Celestial, aquela do rapaz enfrentando o tanque...) é necessário passar por dois aparelhos detectores de metal, como o dos aeroportos, e as bolsas, em aparelhos de raio-x; você vê câmeras por todo lado, soldados marchando, jardins impecáveis... e vários chineses invadindo as áreas cercadas para tirar fotos onde é proibido entrar!! Atravessar uma rua em Pequim não é tão arriscado como em Hanói, mas não espere que os carros parem na faixa de pedestres, mesmo com o sinal vermelho!! Vendedores ambulantes dominam as ruas, frutos do mar vivos são vendidos nas calçadas! Isto sem falar nos "silk markets" (mercados de seda, em uma tradução livre), que é como chamam os shoppings que vendem tudo disponível no mundo das falsificações... Sim, vender produtos falsos na China é crime, então deram um "jeitinho" para oficializar a venda daquele que é o cartão de apresentação do país em outros cantos do mundo. 

Outro ponto positivo na China é a variedade e quantidade de atrações para se visitar. São templos, monumentos, maravilhas do mundo, paisagens... enfim, uma grande diversidade de lugares para conhecer! Não tivemos muito tempo por lá, então acabamos focando em 3 cidades : Pequim, Shanghai e Xian. As distâncias por lá são gigantescas, mas não tivemos problemas com vôos e nem com transportes dentro das cidades, tudo muito bem estruturado e que proporciona certo conforto, considerando que as cidades que visitamos têm muitos milhões de habitantes! A infra-estrutura chinesa é realmente impressionante e a quantidade de obras que se vê por todo o país é de perder a conta. Na China tudo é realmente imponente e, por enquanto, ainda estão conseguindo manter um equilíbrio entre o tradicional e o moderno.

Mas as "flores" acabam por aí. Não tem como não se sentir oprimido e vigiado na China. Não se vê policiais (não uniformizados, pelo menos) e tampouco há uma sensação de ameaça ou insegurança quando se anda à noite pelas ruas de Pequim, o problema não é esse... A sensação "diferente" que sentimos por lá está mais relacionada ao fato da liberdade ainda não ser um direito que os governantes chineses consideram ser importante oferecer aos quase 2 bilhões que lá vivem. Como muitos já devem saber, o Facebook é bloqueado no país todo, além do Twitter e Youtube, claro! Os chineses que querem socializar em mídias sociais utilizam as redes locais, assim como o youku, para compartilhar vídeos. Google, só para temas que não sejam "controversos". Ou seja, os chineses estão isolados do mundo virtual fora dali!! E hoje em dia, estar isolado do mundo virtual é não ter acesso a opiniões diversas e informações importantes para a compreensão do que está acontecendo no mundo e em nosso próprio país... é ficar sujeito ao que os governantes querem que pensemos. E nisso, os chineses realmente são bons! Se você leu o livro 1984, de George Orwell, sabe exatamente do que estou falando!! Por falar nisso, uma cena que vimos na praça Tiananmen nos remeteu imediatamente ao livro. Enquanto um gigantesco telão de LCD, com fundo vermelho, ficava mostrando várias frases, auto-falantes ficavam o tempo todo declamando algo, enquanto vários chineses ficavam brincando com seus filhos e segurando bandeirinhas da China... cena surreal!

Mas não para por aí. Em todas as cidades que visitamos, para entrar e sair do metrô, é necessário passar em detectores de metal e as bagagens em aparelhos de raio-x, independentemente de qual seja seu destino. Vários locais públicos e atrações turísticas também contam com esses aparelhos. A revista em aeroportos é a mais minuciosa que enfrentamos... aí nos perguntamos, se o país é tão seguro a ponto de praticamente não vermos policiais nas ruas, se não há atentados terroristas no país há anos e a criminalidade não é uma das preocupações dos chineses, por que todo esse rigor? Novamente, insistimos, leia 1984 que você entenderá... Achamos até que por conta de toda essa opressão e controle do governo chinês, feito há décadas, o povo chinês acabou se tornando um dos povos menos amistosos e receptivos com o turista estrangeiro. Na verdade, a impressão que dá é que eles não fazem a menor questão de nos receber... Esqueça os sorrisos, gentilezas e prestatividade que encontramos no Japão; os chineses, em geral, estão sempre de cara fechada, não gostam de dar informações (quando não o fazem de maneira errada proposital e displicente...) e algumas vezes até são mal intencionados.

Bom, não tem jeito também de não falar de alguns comportamentos "famosos" que vimos por lá. Sim, é verdade que os chineses tentam o tempo todo furar fila, não só com turistas (que são o alvo preferencial), mas entre eles também. É realmente irritante, tanto que nós desenvolvemos uma tática quando tínhamos, por exemplo, que comprar bilhetes no metrô: a Pati ficava na fila e eu, ao lado, como escudo, fazendo uma barreira que impedia que alguém tentasse dar uma de "espertinho"... e olha que, ainda assim, alguns conseguiam!! Escarrar no chão, mesmo dentro de um shopping (como vimos em Xian), emitir ruídos diversos (muitas vezes por mais de um orifício) pelas ruas e até mesmo durante as refeições também eram comportamentos bastante comuns e que não estamos habituados a ver com frequência. As leis de trânsito na China também não são muito respeitadas, bem como as sinalizações, semáforos, faixas de pedreste, bicicletas... mas isto é meio que uma "regra" na Ásia... Para encerrar, não dá para deixar de comentar a poluição no país. É assustador olhar para o céu em um dia ensolarado e ver tudo completamente cinza. A preocupação com meio ambiente por lá é zero e quem tem rinite, como nós, pode se preparar para gastar vários lenços de papel!!

Enfim, a nossa experiência chinesa foi bastante cansativa, mas não deixou de ser enriquecedora, com todos os seus pontos positivos e negativos. Mas uma coisa é certa e podemos afirmar : visitar a China é ir a um universo paralelo!!